sábado, 27 de novembro de 2010

Salve Amor!

A ausência que embalo em meus braços
Também nina o meu sono.
Ela difere da solidão, sinaliza para prosseguir.
As pontes de afeto são os enigmas
Que unem e separam.
A canção de fundo despertou-me
Para alguém colhedor de constelações.
O menino destes olhos disse-me vem,
Abraçando-me em teu peito.
Meu silencioso sim para nós.
Um sim estrondoso para mim.
Eu explosão de vida,
Tu mais que uma expectativa.
O amor nem desbotado nem com novas cores
É por si só algo significativo.
É frágil dependente de nós,
O que faremos com ele?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Lente de Aumento

A graça das coisas vem embutida
Nas entrelinhas do rótulo factual.
O cotidiano não é uma provação
Para ir ao céu ou ao umbral.
Arrependimento é entender que pode ser
De outra maneira.
O amor não é a chave universal.
Aceitar o ritmo do propósito
Emaranhado da vida é muito.
Reler amigos e amados é dar-se conta de si.
A paixão pertence aos poetas,
No preto e branco ela não passa de projeções.
Perceber esses detalhes não torna seca a existência,
A teia de cada memória é olhada com serenidade.
As coisas se dão com as devidas participações,
Simples ainda que incompreensível.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sem Saber

Mãos enlaçadas dentre tantos gestos,
Inspira confiança.
Muitas maneiras de ser feliz dependem
De Uma escolha.
Moldar o riso perder-se no encontro
É lampejo de paz.
A junção dos lábios
Faz-se constelação de beijos.
Anuncia a paixão,
Para a existência agora febril.
Que seja mais uma estação de entrega
Sem saber do até logo ou do logo mais.

domingo, 21 de novembro de 2010

Desencanto do Amor

Estranho encontro o de ontem, o sonho invadiu a realidade.
Ferindo a lança o meu peito.
Ruiu toda a fantasia adubada com o amor dos românticos.
Sinto-me fraca, atingida pela colisão do sonho e da vigília.
Te amei doando-me e querendo-te. Te criei sábio, lindo e forte!
Um guerreiro admirável de alma feminina, na colcha de retalhos da fantasia.
Senti saudade da presença encantadora, acreditei na sua volta a cada despedida.
Havia a certeza de um contato profundo ainda que não fosse único.
E agora, o que farei?
Sem avisar tu surges sem luz diante de mim
Ofuscado confrontado pela minha alma masculina
Por que foste perverso comigo?
Por que não permaneceu nas doçuras dos meus sonhos?
A verdade é tola. Amar é para poucos.
A vida não tem sentido algum, se não dispomos de imaginação.
Aqui está você, exatamente como é.
Diante dos destroços de ti penso,
É impossível que tenha te amado.
A ferida de ter acordado desse sonho delicado
Ficará.
Roubaste meus suaves rabiscos.
De você quero muita distância até que volte a sonhar.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Pétalas Renovadas

O imaginário arranha a tela de minha história.
Não desejei a santidade tampouco ser rameira.
Desde criança,
Com tudo o mais que desabrochou
Permanece a inocência hostil.
Nasci mulher sem assumir esse universo
A armadura do cotidiano escondeu a doçura
A delicadeza fez-se mistério
Do feminino, da deusa, da flor, do anjo perverso.
Mirar-se no lago é pouco,
Há beleza em outros olhos.
Eles fitam-me com insistência sem trazer o rubor a face.
Andrógina em conciliação consigo,
Sonha deseja quer!
A armadura dantes separação do mundo
Não é mais que proteção dos estilhaços do caminho talhado.
Infinita construção íntima
Permite colecionar lágrimas e sorrisos
Mutáveis em lembranças de mim.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mais do Mesmo

O enigma dos passos que te fazem recuar
É insolúvel para pés que caminham em tua direção.
A estrada é dura, o barro molda-se ao andarilho.
Não há nada de mal na solidão.
Mas será que estar sozinho é o sinônimo correto?
Sinto o tempo esvair-se,
Quero as gotas de orvalho. Quero o caminho do céu.
Sim, agora é o instante único para você e tuas certezas,
Eu e minhas controvérsias na janela do mundo.
O que farei depois?
Não há mapas para o infinito, seguirei a trilha das águas de narciso
Querendo sempre mais.

Pérola

Há um jeito, um gesto peculiar no seu movimento de maré,
Quando se debate na rocha de minha tranquilidade.
Seu viço renovado o torna leve, presença fluídica.
Meu talismã esconde-se nesses olhos teus.
Eles balbuciam o desconexo desejo, inflamam meus pensamentos de puro querer.
As linhas trabalhadas na ilusão do amor desenham nosso idílio.
Ecoa de ti o chamado másculo. Meus sentidos sondados nada respondem.
Apenas entregam-se.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Duelo de Deuses

Tal qual a deusa Hera
Tornou-se guardiã do lar, do amor.
Mulher intensa vive a flor da pele!
A sombra do seu Zeus a perturba
Pelo seu poder pelo seu querer.
Qual o limite para ele?
Qual o limite para ela?
Desapego ciúme, liberdade medo.
Amores simultâneos,
Unidos ora para inflar, ora para insultar o ego.
Ambos munidos da arma nomeada “amor”
Duelam na rotina, mortificam a graça da presença.
Ela cega no próprio mundo de descrença
Ele enxergando outros mundos de prazeres.
O laço que os mantêm é nobre,
Pois ao final do dia é preciso afastar a solidão
E ao seu raiar ver outra luz além do sol.
Vale o fardo cobrado pela covardia?


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Você e o Amor

Por ser confusa perambulo pelos clãs.

Reconheço-me na generosidade egoísta,

Por não saber se é amor.

O infinito de cada encontro afirma ser você a razão.

A ternura brota e para ela não há explicação.

Desejo o beijo, causa do silêncio.

Lembro-me do toque sem dispensar tremores e risinhos discretos.

Haverá melhor sensação que a da plenitude?

Ah, a paixão! Força estranha capaz de aquecer corações brutos.

Pontes quebradiças reportam-me as chamas de tempos outros.

Neles, o amor personificado desnuda as minhas tensões.

Atrás da Muralha

O êxtase de viver no fluxo de alternâncias

É traduzido em cansaço pelo declínio interior


Ou se dilui nos mantras de positividade?

Os anos desgastam as pedras das ruas

Ou a alma habitante de cada corpo?

É possível mensurar a dor

Ou quantificar o amor?

A criança caminha na trilha do homem

Ou este pode eclipsar o caminho?

Como render-se ao sopro de aventura

E como não render-se?

Será o perigo da aurora maior

Que o carregado consigo?

Diante do abismo, envelhecer é crescer

Ou crescer é findar?

O senso da vitória perpassa catástrofes,

Acredita desvencilhar-se de armadilhas,

O faro do triunfo desvia dos precipícios.

Será esse o segredo da imprudência

Dos reis?



quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Culpa Apontada

A urbanidade dos dias molda a vizinhança.
Buzinas, pedestres cruzam o caminho sem saber do outro.
A vida tal qual o rio, transcorre quase ocultando as suas variações.
Por encanto ou astúcia, Ilude com a primeira imagem.
Entre quimeras e futilidades alguém se reconhece ou repudia
O espelho de outrem.
Na fração desse raio a vida presenteia ou dilacera
No olhar de confronto da caça e do caçador
Onde inexiste a humanidade da lei e a divindade da justiça não tem raiz.
A tensão de estar vivo é percebida no sorriso triunfante,
Remexido em desespero do coração sem eco,
Daquele que se diz reto revestido de inquietações.
São os outros que talham o culpado, a culpa não passa de mera palavra.
A estupidez difere da maldade, a lenha pode talvez virar brasa.
A indulgência duela com a severidade, mas nem por isso desfaz cicatrizes.
No final, do homem só restará cinzas.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Solitário Jean

A beleza do mundo perpassa todo canto
Onde há criaturas para ver.


E nem por isso todos são centelhas,
Há viajantes errantes na vida.


Uma daquelas almas massacradas
Pelo julgamento alheio cruzou o meu caminho.


Alguém de brilho próprio,
Na bagagem simbólica trazia trevas e luz,
Um algoz feito em vítima,
Solitário sem nome.


Esqueceu seu passado lapidando o presente
Desprovido de sentimentos
Enterrou-os em seu âmago.


Inquisidor por natureza,
Robusto para sobrevivência,
Dedicou-se a perscrutar o outro
Achando-o sempre vazio.


Talhou seu mundo com a sua verdade
Pois encontrara apenas hipocrisia.


Leis da Vida

Sair
Sem apego ao que fica.
Caminhar sem chegar
Sentir-se em paz na própria companhia.
Buscar os olhos alheios sem misericórdia.
Ler livros sadios
Ter fé fora do templo
Deliciar-se com o aroma das flores
Confiar na firmeza dos passos
Ter ânimo constante
Indicações não peremptórias
Quando,
O trabalho mortifica
A leitura é cansativa na balburdia da vizinhança
A fé limita-se a vida real
O além do nada surge e para o nada se direciona.
O cheiro natural é único
Construir-se é a missão.
A lama que arrasta
É também pulsão.

Descrição Impossível

Amo o indescritível de doçura escondida,
Atrás do muro de cinismo.
Seu sorriso distraído é belo, sua língua ferina.
Amo-o, mas não declaro
Somos sobreviventes de tragédias íntimas
Amo-o, fora das horas ordinárias
Sem pontes possíveis.
Amo-o, de pé no meu porto seguro
Distante do toque.
Amo-o, sem ser sua
Com desobediência
Com devoção.
Amo o incompreensível que forja caminhos,
Cego como narciso, impetuoso homem.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Jamais por Inteiro

Alguém disse: por inteiro te quero

Lábios de pecado entre sorriso

Responde: só assim é possível.

Ser metade é piedade, é punição de si.

A fala incompleta deixa rastros sutis,

Envolvidos no misterioso andar de dama

De guerreira, de vadia.

Essa presença sombria

De amor, perdição, deleite

Ou não mais que

Engano da guerra interior.

É contraste ser inteira,

Sou múltipla sou mulher.

Por generosidade compartilho o veneno

Exponho as cicatrizes.

O queres de mim

Se inteira para outro nunca fui?




terça-feira, 24 de agosto de 2010

Letras Perdidas

Amanheceu o sol reina solitário.
Na rua o burburinho em meio aos tons de contrastes.
As pessoas no alvorecer da mesma animação,
nas primeiras horas como nunca é.
O caminho da labuta é igual, o caminho da vida não.
A esperança não cabe em mim, não me identifica
Tampouco me é peculiar.
Ainda de pé, longe das águas,
Cortando os empecilhos como os antepassados,
O revés da minha trajetória assusta sem paralisar.
As letras aqui deixadas unem-se num grito louco,
Na sanha humana sufocada.
Na despedida o sol concretiza sua passagem
Deixando nada mais que a saudade.


sábado, 14 de agosto de 2010

Borboletas de Inverno

As borboletas na janela sugerem mudança.

Num bando multicor põem fim ao meu inverno,


Prolongado por displicência.


O toque da vida, os traços peculiares de outrora,

Assimilaram nova forma.

Sem tragédias ou dores impossíveis

O rio desbrava seu curso.

Na permuta de paisagens, existir é quase real

Sem vestígios do Mal tampouco do Bem.

É possível apenas perceber-se,

E isso é muito!

As borboletas azuis dispersaram-se do bando.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Problemas do Amor

Tenho problemas com o amor.
Amo em demasia, mas assim não pode ser,
Pois dizem ser o amor imensurável.
A soberania do amor solicita a doação de mim,
Destruindo o muro da batalha.
Ele domina-me com maestria
Rouba-me os devaneios
Centraliza minha atenção.
Tenho problemas em amar.
Aceito quase tudo,
Pela vaga promessa do amor semente.
Tomada de amor,
Encanto-me com gestos e sons
Entrego-me em abandono
Refaço-me na ciranda de encontros.
Tenho problemas amando.
Espero sofrendo a passagem de segundos,
Enlouqueço com o tempo,
Aqueço-me esperando.
Tenho problemas porque amo.
Amo porque desafio a vida
A vida com contornos de felicidade
Felicidade névoa de completude.
Amo sem destacar os problemas de amar.
Afagos afastam controvérsias,
Toques traduzem o modo de ser,
Ser é também amar.

domingo, 25 de julho de 2010

Carolina

Em teu campo linda menina,

haverá uma casinha

rodeada de muitas flores,

Em teu peito menina sapeca

será guardado muitos amores,

As dores e as alegrias permanecem conosco

nos tornando quem somos.

Mas, sabe o que me faz refletir?

Tua alegria estampa nas manhãs de chuva

Tua palavra bela quando a tristeza me acomete

Não se deixe triste!

Cale tua dor!

Pois a estrada é longa,

e muito você há de encontrar.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Chegada

Passos lentos
Encontra a persona
Símbolo da perfeição.


Passos dispõem objetos.
Todos eles repletos da estória do eu.

Lentos passos
Para notas conexas
Mistas na canção.


Ah! Quanta calma
Quase paz flui do coração.

Lento descompasso
Cadencia a procura ocular,
Alimento daquele que rememora.

Passos firme
Honram a terra.
Clamam por parar.

Do alto da montanha
Nem o verde nem o mar.
Apenas o sopro findado
A luz esmaecida,
É hora de ninar.

Com a espada na bainha
Na boca o amargo distancia
Áureos dias de batalha
Dispensados aos gestos de amar.


quinta-feira, 8 de julho de 2010

Imaginário

Braços procuram abarcar
Num abraço imaginário
A solidão devoradora.
O frio cede ao calor,
Mudam as estações.
Olhos ávidos pela paisagem perfeita
Ocultam luz.
A companhia sem paradeiro
Desde o romper das pedras
É improvável.
É ela, a alma que te pertence.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Um pingo

Que consigamos perceber,
Que não somos especiais por sermos melhores,
Antes, acreditemos na nossa individualidade
Que nos torna apenas diferente.

terça-feira, 4 de maio de 2010

A espera

Por que não me diz dos teus dias,
De tuas andanças?
Por que me priva de ti,
Da presença que tanto me inspira?
Para quê negar a permanência
Dissolvendo o rabisco que fiz.
Por que oculta tua face estrangeiro de mim?
Por que tão calado,
A se fazer de ausente,
Dissipando o sossego num coração inquieto?
Apaga essa alma de poeta
Vem de encontro a mim.
Como homem simples, aceita o meu sim.
Afaga-me os cabelos,
Desnuda os meus medos,
Recebe um carinho prolongado
Desse amor guardado no peito,
Doce colorido a espera de ti.
É sentimento puro prolongado ao infinito,
Nunca demais, nunca de menos
Jamais mensurado o fio tecido dessa luz.
Luz que ofusca e ilumina.
Tantos são os porquês, prefiro seguir muda.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Construção

Sufoco minha fala

Meus gestos me condenam,

Meu olhar cinzento amplia cenas.

Espanto-me.

Percebo no outro muito de mim,

Se, és tu e eu sou algo fora de ti

Por que semelhanças?

Habitaste minha terra,

Ilustraste meu espelho?

Cismo perambulo,

Nasce um seco sorriso para o acaso.

Ou será que estava programado

O meu caminho? Chamam-no Destino!

Operária de cada sol e de cada lua

Ergo minha bandeira, protesto.

Faltam-me respostas,

Quando quase afogo-me em palavras.

Meus delírios crescem à medida que busco.

A taça está vazia, só agora percebi.

domingo, 21 de março de 2010

Declaração de Amor

Eu já te declarei carinho especial

Com timidez acentuada.

Não sei ao certo como dizer,

Você é amor para toda a vida!

E por isso,

Desejo longevidade para nós.

Brinco com alternância de imagens na mente

Sobre um futuro além dela.

Discordamos tanto,

E algo indizível nos é comum.

Amo-te desesperadamente!

Eu egoísta, solitária

Aceitei o teu amor sereno acolhedor

Tive medo de dizer o quanto me fez bem

Senti minha liberdade ameaçada.

Meus olhos te buscam

E ouço tuas palavras onde quer que eu vá,

Tua imagem ao fechar os olhos surge com exatidão.

Sou incrédula quanto à eternidade

Mas,

Se eu pudesse, eterno te faria

Pois de tudo aqui não dito,

O importante dizer é:

É tu uma das metades que chamo amor.



J.J.S.F

um presente da vida

uma lição de amor.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Letra D

Dúvida,

Uma dádiva

Um mistério

Um oráculo sem respostas.

No tempo, insolúvel.

Bela, por ser tentativa

Do caminho reverso.

Trilha para o adeus ao sol,

Onde a brisa abraça

Na direção onde a visão se perde.

Onde se encontra o “mim”

O elo, a alma

Que fora flor

Que fora estrela,

Mas que deixara de ser outra

Para ser dúvida.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Desejo do Dia

Hoje,

Desejei imensamente um abraço.

Sim, queria ser o pacote enfeitado

Com o laço de mãos encantadas.

Hoje,

Desejei um afago. E porque não?

Ganhar carinho gratuito

Sem nada dizer.

Hoje,

Minha boca desejou outra boca

Que viesse com beijos quentes.

Ah! E que pudesse falar

De coisas belas para mim.

Queria uma boca sedutora!

Hoje,

Só hoje e não amanhã,

Desejei um idílio com palavras firmes,

Com gestos gentis.

Hoje desejei...

E como desejei uma presença leve,

Capaz de me roubar o riso.

Hoje,

Desejei me doar para alguém.

Mas não havia pote, nem argila

As páginas continham rabiscos,

O lúdico desceu pelo ralo.

Hoje,

Muito desejei por não querer

Sair do lugar.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ela

A paisagem se revesa
calando fundo no peito.
Cansado da labuta travada
entre si e o mundo.
Esse peito, essa terra
outrora amargurada
Recebe em ramos viçosos
borboletas coloridas.
Na estação ela desce
Com leve sorriso nos lábios.
Havia compreendido mais de si.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Foi por amor

Sim,
Eu disse que te amava.
Porém, tu não querias ser amado.
Foi puro deleite ser a minha paixão.
Não, eu não te iludi
A ti doei os meus melhores sorrisos,
Abraços calorosos,
Beijos ardentes,
Não aproveitaste cada momento?
Pontes da infinitude do carinho
Que senti por ti.
Por que cobra o que és incapaz de dar?
Foi pleno, todavia, há outros mistérios
A nos convidar.
Por que me acusa injustamente?
Esperei-te sem críticas
Aceitei-te com dúvidas
Vivi o nosso desejo.
Guardo de ti o que me deste,
Com o juramento que fiz de ser
Fiel a mim.
Ainda que sofra
Ou que pesem os dias
Mesmo que a solidão chame
Ou haja loucura.
E isso não te ofende, apenas cuido de mim.
Quero que sejas feliz
Feliz como nunca fora em teu viver.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Erros

Houve erros, eu sei.

Mas a perfeição não me atrai.

O cotidiano revestido de tormento silencioso

Trouxe a desistência da eternidade.

A força de uma vontade estranha me devora.

Assusta-me o futuro sem respostas,

O possível é sem porto e sem lágrimas;

Basta? E o amor?

Para o amor não há medida,

Apenas entrega.

Um contínuo estar de pé.

Amores: Intensos, Insanos

Arrastados a sombra do que vive.

São áureas intocadas.

Será isso o amor ou especulação dele?

O que seria o amor?

Só encontro palavras

Em cores tradicionais.

Perguntas sem respostas, nada mais.

Os erros contornam as escolhas

Na paralisia do medo,

No deslize da experiência.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Nobreza em ti

Descobri o doce amargurado em tua boca
Presença que transborda a minha unidade
Ah! Nobre homem,
Teus pés alcançaram minha estrada.
Nossos corpos enlaçados transmutam
A paz e a guerra
Do nascer ao pôr do sol.
A melodia marítima fonte de inspiração
Embala essa mestiça em sua mesura.
Quantos sóis percorri para construir
Os retalhos de mim?!
Há uma canção em meus ouvidos,
Ninguém mais a ouve
É ela a trilha da permuta de dias
Agora banhados de esperança,
Trazida por ti no final do solstício,
Onde o amor se desfez com as flores
Da estação.
E tu nobre homem, surge na aurora
Convidando-me a brindar mais
Um pouco de paixão.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ilha

Uma ilha na vastidão

Imersa em pensamentos

Nostálgicos,

Retorno da caminhada

Feita a ermo

Significando a chave

Do baú de contingências.

Memória das mulheres que fui,

A sombra da mulher que penso ser.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Velho ano novo

Felicitar o novo ano

Na despedida do ano velho,

Diante do palco onde

Personagens outros surgem,

Na doce ilusão da mudança,

Quando se tem apenas um ‘se’

Disposto para as situações múltiplas.

A tênue linha da fração de segundos

Separa os ciclos sem tocá-los,

Similares entre si

Recheados de tantos dias,

Com o mesmo tic tac de horas

Que conduz as estações.

Tudo persiste,

O barulho das buzinas

A pobreza a hipocrisia

As alegrias os sentimentos

Qual a magia de ter mais do mesmo?

A estrela surge ao amanhecer

Tal como fora no dia anterior

A permanência segue e

Qualquer desvio depende do andarilho.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Gotículas

Quando cai a chuva

Sou tomada pelo espanto.

As gotículas

Convidam-me ao aconchego,

No labirinto do tempo.

Sinto próximo o impossível.

Ah, é quase um delírio

Colorindo o invisível.

Sempre que a contemplo,

Regozijo-me em saber

Que o mundo chora as minhas dores.

Então, agradeço com um sorriso.

Viver

O encontro fora intenso,

Numa comunicação pausada.

Cenas de outrora se repetiam na mente turbulenta.

Ela, petrificada diante do fantasma.


Vida nossa,

Partilha de dores e louvores,

Doa a cada ser vivente a escolha,

De ser tal qual barro moldado aqui,

Como madeira envernizada acolá.

Quiçá,

Para almas rebeldes

Afeitas a trabalhos árduos

A dádiva de abrir o próprio caminho;

Dia após dia nas cicatrizes

Do corpo de pele suada

Carrega os sofrimentos da jornada.


Breve toque num aperto de mãos,

A voz contida,

Coração acelerado,

A emoção apoderou-se dela.

Tensa, correspondeu ao olhar inquisidor.

Mas, não lhe contou dos dias de sua ausência.


As jornadas são singulares

Movidas pela fé, pelo amor,

Pela necessidade de permanecer de pé.

As mutações permitem saborear alegrias

E tristezas entrecortadas.

Ser o mais humano possível,

Cambaleante nisso que é o viver.


Mais uma vez, ela sufocou o amor

E se foi numa breve despedida.