terça-feira, 11 de agosto de 2009

Nuvens que passam

Vi as nuvens moverem-se em despedida
Fui inundada por imensa paz interior
O peso da existência se desfez
Pude reinterpretar o mundo,
Sem a ilusão dos quereres.
Senti que eu era como ali estava,
E ambicionei
Não ser mais do que aquele corpo presente.
A compreensão de mim,
O abandono nas sensações despertadas
A paz de quem não exige e nem espera.
A potência de viver um sonho
Em tempo real.
Do encontro perfeito por ser natural,
Assim me senti: um eu capaz de se renovar.
Ah! Felicito-me por estar aqui agora
E sentir-me cheia de vida
Sem conclusões infinitas
Reflito quando sinto a razão do existir.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009


Lembrança

Fim de tarde
Toca nossa canção,
E me traz a juventude do que um dia foi paixão entre nós.
Teu cheiro, tuas mãos ansiosas por descobertas
E tua voz rouca que dizia: te quero.
As notas me embalam e sinto teu corpo tão quente como antes.
O som fica distante, o que restou de nós é varrido para o norte das lembranças.
E o teu semblante se desfaz para mim.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A essência da rosa


Conheci a solidão
Em etapas turbulentas.
Ela surgia do meu lado de penumbra
Sob a luz do sol.
Jamais se despedia
Errante consumia a desordem interna
Indefinível como o vento.
Olhei-a de frente e compreendi
A incapacidade de adentrá-la.
A fatídica certeza de que ela
É parte disto que sou!
Não era abandono
Tampouco falta de amor.
Sou uma essência espinhosa
Composta também de solidão.
O que é a solidão?
De onde vem tudo o que arrasta?
Respostas vazias me deixaram
A espera na estação vazia
Que nada traria de palpável.
O que viria ao meu encontro?
Angústia ao pôr do sol
Expectativas ao acordar.
O espanto diante da vida,
E o morrer um pouco em cada dor.
A vida que se debatia em minhas mãos
Queria emergir e tocar o tempo
Alvo desse querer insano.
Ela era minha,
E para ela não havia lágrimas
Apenas o silêncio de quem permanece.

terça-feira, 4 de agosto de 2009


Fala à Lua

Eu optei por mim
Quando no deserto estava.
E foi a mim que afaguei
Com egoísmo.
Minha imagem na poça
Causou-me emoção.
Algumas pessoas,
Em lugares diversos
Chamaram a minha atenção,
Trouxeram-me gratas surpresas.
Comovida quis seguir
Descobrir, provar o sabor da liberdade!
Dores existiram,
Acredito que por todo caminhar elas surgirão.
Mas por mim, eu digo:
Guardarei as cicatrizes
Sem abandonar a jornada.
Por mim,
Eu sobrevivo dia a dia
Em ti,
Encontro amparo.
Compartilho o que posso, pois
Em mim está o meu tesouro.