sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Nobreza em ti

Descobri o doce amargurado em tua boca
Presença que transborda a minha unidade
Ah! Nobre homem,
Teus pés alcançaram minha estrada.
Nossos corpos enlaçados transmutam
A paz e a guerra
Do nascer ao pôr do sol.
A melodia marítima fonte de inspiração
Embala essa mestiça em sua mesura.
Quantos sóis percorri para construir
Os retalhos de mim?!
Há uma canção em meus ouvidos,
Ninguém mais a ouve
É ela a trilha da permuta de dias
Agora banhados de esperança,
Trazida por ti no final do solstício,
Onde o amor se desfez com as flores
Da estação.
E tu nobre homem, surge na aurora
Convidando-me a brindar mais
Um pouco de paixão.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ilha

Uma ilha na vastidão

Imersa em pensamentos

Nostálgicos,

Retorno da caminhada

Feita a ermo

Significando a chave

Do baú de contingências.

Memória das mulheres que fui,

A sombra da mulher que penso ser.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Velho ano novo

Felicitar o novo ano

Na despedida do ano velho,

Diante do palco onde

Personagens outros surgem,

Na doce ilusão da mudança,

Quando se tem apenas um ‘se’

Disposto para as situações múltiplas.

A tênue linha da fração de segundos

Separa os ciclos sem tocá-los,

Similares entre si

Recheados de tantos dias,

Com o mesmo tic tac de horas

Que conduz as estações.

Tudo persiste,

O barulho das buzinas

A pobreza a hipocrisia

As alegrias os sentimentos

Qual a magia de ter mais do mesmo?

A estrela surge ao amanhecer

Tal como fora no dia anterior

A permanência segue e

Qualquer desvio depende do andarilho.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Gotículas

Quando cai a chuva

Sou tomada pelo espanto.

As gotículas

Convidam-me ao aconchego,

No labirinto do tempo.

Sinto próximo o impossível.

Ah, é quase um delírio

Colorindo o invisível.

Sempre que a contemplo,

Regozijo-me em saber

Que o mundo chora as minhas dores.

Então, agradeço com um sorriso.

Viver

O encontro fora intenso,

Numa comunicação pausada.

Cenas de outrora se repetiam na mente turbulenta.

Ela, petrificada diante do fantasma.


Vida nossa,

Partilha de dores e louvores,

Doa a cada ser vivente a escolha,

De ser tal qual barro moldado aqui,

Como madeira envernizada acolá.

Quiçá,

Para almas rebeldes

Afeitas a trabalhos árduos

A dádiva de abrir o próprio caminho;

Dia após dia nas cicatrizes

Do corpo de pele suada

Carrega os sofrimentos da jornada.


Breve toque num aperto de mãos,

A voz contida,

Coração acelerado,

A emoção apoderou-se dela.

Tensa, correspondeu ao olhar inquisidor.

Mas, não lhe contou dos dias de sua ausência.


As jornadas são singulares

Movidas pela fé, pelo amor,

Pela necessidade de permanecer de pé.

As mutações permitem saborear alegrias

E tristezas entrecortadas.

Ser o mais humano possível,

Cambaleante nisso que é o viver.


Mais uma vez, ela sufocou o amor

E se foi numa breve despedida.