quinta-feira, 13 de novembro de 2008


Uma lenda

Procuro há tempo o amor
Desconheço o seu físico
Não sei qual a sua língua
Ou mesmo a sua região de origem.
Colho depoimentos sobre o tal,
Devaneios soltos.
Carências adubadas na religião,
Na extravagância material,
No culto aos livros,
Na adoração a natureza,
E uma certeza curiosa em um Deus!
Procuro há tempo o amor
Exausta aqui estou.
Pistas furtivas me levam.
Descanso olhando ao redor,
Cansada sonho.
Procuro há tempo o amor
Quase desistindo ouvi:
Mulher - o amor não é palpável!
E pode se acomodar em todos os lugares
O ser amoroso é a sua forma.
Procuro há tempo o amor
A lenda urbana
Recontada em cada povo.
Procuro há tempo o amor
Procuro o inexistente
Destruindo o ideal,
Formulando uma mulher com cacos
Resistente a tempestades
De desafetos
Procuro há tempo o amor.

sábado, 1 de novembro de 2008


Beijo

Mãos ásperas lapidadas pelo trabalho
Percorrem os seus contornos,
Ela se entrega ao brilho do olhar sedento
Incrédula da paixão,
Sua pele morena
Transpira o calor da fusão de vidas,
Entre arrepios e palavras soltas
A saudade se vai,
As bocas molhadas
Mãos encontradas
Ditam o ritmo,
O rochedo de pudor é transposto
Na ciranda de desejo vibrante.
Um sonho um amante
Da cativa sem paz
O que pode o beijo quando os corpos se atraem?