sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009


Rosas

O sol nasce,
Banha de luz a rosa.
A noite chega
Embalando-a em orvalho.
O broto vira flor,
Um singelo desabrochar
Para o mundo
De pura beleza.
A rosa exala inebriante perfume
E não se constrange
Em oferecer tuas armas.
Espinhos,
Em defesa de tuas frágeis pétalas.
Aceita o destino de ser solitária
Pelo temor de mãos incrédulas,
Incapazes de tocar sem secá-la.
Entrega-se a contemplação
De olhos famintos,
Sem lamentar o seu cárcere.
E de uma só vez
Exibe a elegância de ser rosa,
Flor delicada
Cantada em verso e prosa.
E também o seu desencanto
Deslumbrante,
No Desfalecer melancólico
Perdido no colorido
Da torturada paisagem.
Que torna seu pranto
Um canto novo no surgir
De um novo broto.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009


Vôo

A mente voa longe
Plena do agora,
Repele as memórias antigas
Abstém do poder de planejar o porvir.
A face do amanhã como será?
Tuas cores, teus odores
Quais as tuas formas?
Os dias se revezam tranquilamente,
Entre a austeridade das correntes
Feitas do artesanato particular
Do próprio entendimento.
E a marcha flutuante dos sonhos
Rumo ao infinito,
No finito olhar que assiste o desgaste humano.
A privação de si é o corriqueiro
Caminhar.
Liberdade, liberdade
O que será?
O vôo distante da mente
Inquieta tenta decifrar.
Mas, é possível revelar
O mistério da liberdade?
O que mais o homem teria
Sem o mistério indissolúvel
E sua mente para navegar?

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Perguntas

As palavras!
Meias palavras
Moldaram-se em
Escassos lamentos
Em preces sopradas sem destino.
E o silêncio?
Perdeu-se na vastidão.
Um facho de luz
Não extermina trevas.
E a esperança?
Vivifica rimas
Dulcifica a melodia.
E o que temos?
Nada ou apenas possibilidades.
Pensar é melhor que sentir?
Perceber o que há
Num mergulho em si
Faz a permanência.
E o que mais dizer?
Sermões, conselhos...
Seguir o sol.