domingo, 9 de outubro de 2011

Oração


Desejo ser de qualquer tempo
Preciso caminhar sozinha.
Dialogar com o vento
Na solitude das minhas manias.
                  Eu prefiro a solidão
Meu reduto ao anoitecer.
Quando recolho as armas da luta do dia para sobreviver.
                Eu conheço a solidão
Sem recusar minha companhia.
Sou parte deste chão
Não me canso de dizer.
               Eu prefiro a solidão
Porque saboreio o êxtase da despedida.
Desconheço a medida que deveria ser.
             Eu prefiro a solidão
Nela rabisco alegrias,
Entre nuvens recrio cenas
Sinto as emoções de outros dias.
             Eu prefiro a solidão
Medito no poço, antes lago profundo.
Onde reflito além do horizonte.
            Eu prefiro a solidão
Conheço-me bem.
Sou bicho do mato
Arredio ao laço
Desconfio de tudo
Confio em nada.
            Eu prefiro a solidão
Quando sufoco a saudade
Num castelo de areia.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Avesso

Permita-me ser triste

Ser inverno na ausência do sorriso
sem ferir a tua fé

Conceda-me a ingênua descrença

O caminho da esquerda na sombra disforme

Deixe-me ir na mutação da noite estrelada

Dê-me silêncio franco ao ver-me domada pelo medo.
Dê-me goles, gotas
Estações, medidas de tempo 

A semente inefável da possível angústia corrói sem germinar

Eu quero, mas não hoje a quietude da tristeza que é finita.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Metade

Metade de mim é encontro
E a outra é procura.

Metade de mim é amorosidade
E a outra indecisão.

A paisagem atrás da neblina
Guarda a origem desconhecida.

Um soluço do tempo
E eis-me aqui
Entre rabiscos e desejos, decompondo a vida.

Um suspiro do mundo
E tornei-me mulher.

As metades de mim
Passeiam em dois caminhos.

O corpo e a alma tem um encontro marcado.
A beleza do sol não ofusca o encanto da lua.

Metade de mim é luz
A outra metade é sombra.

A estranheza do amar paralisa metade de mim
E aguça a outra metade.

Metade de mim é leveza
A outra é terra é crosta é chão.

domingo, 12 de junho de 2011

Culpa da Ausência

A inspiração não vem.

A página em branco

Clama ao tinteiro por palavras,

Palavras são milagres,

E milagres são pouco confiáveis.

Ponderar é uma velha mania,

Mera teimosia de contrariar o instinto,

Polo distinto da Razão sob o turbilhão de ideias.

À porta da emoção penso no amor,

Seu divã vazio na sala está.

Por que falar do amor, ente fugidio?

Sim, há um vazio no peito.

A saudade é companheira diária.

A canção embala os sonhos noturnos.

Mas, a quem amar?

A lágrima escrita molha a antiga página em branco

E esta triste mancha a palavra.

Somete a ausência do amor

Desconcentra a lógica e mistifica o sentimento.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Por mim!

Olho ao meu redor e penso quanto tempo mais?

Dou graças ao que tantos chamam por distintos nomes Força, Energia, Sopro, Luz, Pai, Criador, Javé, Jeová, Alah, Oxalá, Divino Feminino, mas que aqui e agora prefiro chamar de Deus. Por todo aprendizado, pela construção diária de mim, pelos dias de inverno em que o sofrimento foi o meu balizador, pelos dias primaveris em que o sorriso surgiu espontâneo.

Dou graças aos meus muitos amores.

Dou graças por ter sido criança e por hoje ser mulher.

Dou graças à solidão de ser eu.

Dou graças pela insistência contra a fadiga do físico e da alma que fraqueja, quando as forças parecem esgotadas. Bendita seja a teimosia de tentar algo mais!

Dou graças por sentir com mansidão, por celebrar com brilho nos olhos, por saber chorar e exibir a tristeza. Pois nisso não há grandeza ou humilhação. Alegria e tristeza são estados momentâneos, ocupantes do espaço que lhes permito, com o valor que eu lhes concedo em minha vida.

Dou graças por ter conhecido amorosidade nas pessoas, por não ter cedido diante da ira.

Dou graças ao rememorar as pedras, as flores principalmente as rosas, os sins e os nãos escutados.

Permito-me agraciar Narciso sem escravizar-me pelo lago. Busco a elasticidade do bambu que apenas enverga. Neste ponto da jornada onde a poeira do passado é levada pelo vento e a neblina do futuro nega a visão do que será, percebo o corte, no tão bem trabalhado véu de Maia. E o que isto significa? Não sei dizer, nem penso que devo saber, o viver pode vir em pequenas doses, não é possível determiná-lo.

A luz deste lindo dia celebra com a natureza o cumprimento de mais um ciclo, o fim e o início de uma etapa - a minha primavera. E por isso lhe sorrio parabenizando-me pelo símbolo deste número e porque só eu sei o quanto caminhei, só eu sei tudo que pude ver e sentir.

Dou graças à vida e ao indizível viver.

Rosangela Figueredo.

03 de junho de 2011.

sábado, 28 de maio de 2011

Andanças

Antônio Pietro era um homem maduro. Marcado por experiências difíceis desde a sua infância. E se for como dizem por aí, a história de cada um o constrói, é apropriado pensá-lo assim. Já trabalhara de quase tudo na vida e depois de muita dificuldade estava numa empresa que pagava além de seu salário suas horas extras. O que de algum modo já era muito para custear a educação da sua criança. Sol de sua vida como ele costumava dizer. Após alguns anos de vida promíscua dividia sua vida e casa com uma bela mulher capaz de fazê-lo nutrir sentimentos controversos, bem como sua conduta com essa dona.
Ela era meiga, companheira e o amava desesperadamente, de tal forma que parecia incomodá-lo. A falta de amor na infância parece ter afetado algo naquele homem que não queria ser amado ainda que discursasse diferente. Dessa maneira Antônio Pietro conseguia enlouquecer sua companheira, pois como o amor que o envolvia parecia aprisioná-lo, não sabia explicar como, ele estava sempre investindo como bom homem latino em outras mulheres. Era quase uma competição interna. Ele defendia-se com argumentos até certo ponto válidos, porém ininteligíveis para o coração de uma mulher que o venerava. Ele foi criança que conheceu o desamor, a fome, a rejeição. Cresceu e permaneceu no anonimato, era um vagabundo em potencial. Mas as ruas ensinam, dizia ele, e o pequeno Antônio Pietro aprendeu muita coisa. Era esperto e inteligente. Tinha a capacidade de cativar os que estavam ao seu redor, e mesmo de manipulá-los tinha literalmente o dom da palavra. Com apoio de sua devota mulher conseguiu terminar os estudos, o degrau para o seu atual emprego. O mais curioso nesse homem é a usa inconstância, fazendo-o movimentar-se na vida com uma sede do deserto. Dispondo-se a experimentar a vida em todas as suas possibilidades com todas as suas potencialidades. Sempre fiel a ele mesmo; deixando para trás seu rastro de dor e de saudade nas pessoas cativadas. Antônio Pietro trazia um vazio consigo, junto com um desprezo pelas pessoas que o acompanhava em suas conquistas, ele jamais conseguiu amar, apesar de ter sido amado inúmeras vezes de maneiras diversas. Havia nele um medo infantil do abandono. Ainda assim, conseguiu colecionar personagens femininas em sua trajetória, loiras, negras e pardas. Suas personalidades, idades, profissões variavam também, isto porque a necessidade de Antônio Pietro era está ligado ao universo feminino. Dividia-se entre elas, porém a nenhuma amava e sozinho percorria o seu caminho. Conseguiu o respeito dos amigos, camaradas de conversas regadas a muito vinho e literatura. Até o final, velho e cansado se vangloriava por ter tanto a contar aos mais novos, que de modo geral era os seus quase discípulos. Algumas tardes ele sentava-se para esperar a despedida do sol, e com essa paisagem lembrava as suas aventuras. Ao sol se pôr voltava a sua realidade na velha cadeira do asilo.

2009.

Leitura e Distração

A casa era grande, mas havia algo dela por todo canto. Naquela tarde de uma temperatura amena como seu humor, entregou-se a si. Entorpecida em seus pensamentos, também recordou.
Era uma comunicação velada: a pele, o cheiro, o hálito! Sempre fora mulher de entrega, no entanto fora aquela noite especial. Sempre contida, um toque de aspereza era perceptível no trato com o sexo oposto. Apenas era o muro que a protegia do medo do universo desconhecido, e ela bem o sabia. Poucos homens a atraíram ao longo de sua jornada. Até o presente instante, em que se despia não só das roupas, mas de sua armadura contra o mundo. Quando se permitiu sustentar olho no olho contando de si, traduzindo o outro. Num abraço acariciou, deslizou a mão pelo peito, tocou-lhe o pescoço entregando-se ao beijo- momento de supressão do tempo. Uma fêmea acordava da hibernação. Ela o guiou saboreando cada carícia. Explorou imaginação e descoberta. Os dois corpos disseram-se tudo sem palavras, entre suspiros e gemidos. Com o aperto das mãos. Ele foi fundo. Ela estremeceu. Juntos ofegantes desabaram de um diálogo quente, vivo. Por um momento ainda na exaustão do ato ela tentou pensar sobre o acontecido, todavia só era possível sentir. E agora no sofá da grande sala ao relembrar seu corpo reagiu. Ela sentiu-se mulher, retomando a leitura.

10/03/2010

Amor à moda antiga

A noite estrelada trazia ventos revigorantes. Ele fez uma declaração de amor ao modo dos românticos. Os românticos são adeptos do amor idealizado, com pitadas de sofrimento na espera para o tão sonhado enlace com aquele que o completará, sim a ele, metade de alguma coisa que permanece inacabada. Ao ouvi-lo encheu-se de ternura, beijou-o acomodando-se em seu leito, encerrando no peito a posse dessa criatura doadora de paz.



Adormeceu, ou melhor, fingiu dormir ao vê-lo preparar-se para sair do quarto, cenário do amor eterno até então. O amante devoto saiu para uma caminhada noturna, sem saber que era observado. Encontrou-se com uma dona nativa do vilarejo, trocou algumas palavras inaudíveis à distância que Janaína se encontrava, contudo, ela podia perceber a delicadeza do toque do seu terno amante acariciando a dona, beijando-a com animalidade. Foi difícil ver a tal cena, mas manteve-se firme. E após a troca de carícias o moço romântico seguiu em sua caminhada.


Desolada pensou: faz parte do instinto dele, certamente foi ela, a vadia, que o deixou sem opção. Prosseguiu assim, seguindo seu romântico par que naquela altura sussurrava ao telefone com uma mulher, sim ela sabia ter outra fêmea do outro lado da linha, já que o ouviu repetir as mesmas palavras ditas ao seu ouvido numa declaração eterna para adormecer, sentindo-se uma deusa entre as mulheres. Naquele momento a ingênua Janaína já sabia o que fazer por conhecer bem o sentimento que a possuía ali, sendo testemunha dos diversos “amores” do seu par romântico.


Janaína descobriu-se vulnerável ao sentir-se mais uma na multidão, seu altar era compartilhado. Fora educada para ser mãe, esposa dedicada ao seu homem, esse ser controverso que a acompanharia pelo resto de seus dias. Desconhecia outro significado de ser mulher, mas jurou para si não perder a sua presa, sua redenção, seu troféu para a sociedade. Afinal, as mulheres de sua família sempre se casavam, e constituíam sua própria família. Tomou sua decisão ali enquanto o ouvia declarar-se carinhosamente para a sua rival.


Vendo o moço dirigir-se ao alojamento do seu quarto, onde a havia deixado dormindo como a mulher mais amada do mundo, adiantou-se num atalho e com habilidade própria do feminino deitou-se. Pouco depois, o amante adentra ao quarto, se aproxima de Janaína começando um breve jogo do amor da carne. Ela se entrega, enquanto pensa ter que prendê-lo junto a si. Algo a corrói além do toque, em seu âmago algo a separa daquele tão amado homem. O ciúme não declarado, a sufoca para os dias vindouros. Ela se entrega, ama com paixão deixando-o ébrio. Sobre os lençóis ele lhe pertencia, um misto do corpo e um modo de ser alma. O sono foi profundo.


À luz do novo dia ele deparou-se com o fardo de sua jornada, e a mulher mau amada, vítima de si lhe cobraria dia a dia sua felicidade. Após aquela noite o amor cedeu ao mal humor mantendo-se frio todas as noites.

20/07/2010

sábado, 30 de abril de 2011

Baile de Outono


Ah! Os dias de outono chegaram.

A estação convida a sobriedade

Da fala e das cores.

O mágico momento do despertar para si,

É um retiro na caverna dos quereres.

Não, não são tristes os dias pouco ensolarados,

Recheados com gotículas de chuva,

Tampouco solitários.

São alimentados pelo olhar atento

Na fala mansa de quem aceitou fazer companhia a si

E estar bem, mesmo sozinho.

Livros vinho e a janela da alma ou da rua,

Ternura, paciência e disposição.

Acordar preguiçosamente para tantos afazeres

Escolhidos para dar sentido.

Dormir pesadamente após o longo dia

De responsabilidades.

Ser gratificado com as folhas secas varridas pelo vento,

O vento que toca também o seu corpo,

Na dança das nuvens pesadas de emoção

Banhar-se na chuva fina ou na torrente do céu

Ah! É outono outra vez.

Recordar com saudade,

Sorri para a vida com a certeza que ela te pertence.

Sim, é outono.

E daqui do meu aconchego escrevo para celebrar.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O atalho

O percurso segue outra bússola,

Enquanto a felicidade d’alma resignifica o porquê de tão perto

A beleza desabrochar ao lado da paz, sem abalos.

A larva na veia é a vida em brasa,

Quando da memória não somos mais escravos

Do futuro já não somos pedintes

Do hoje não somos mais que viventes.

A tranquilidade dos acontecimentos aguça

Sentidos emoções.

Ser livre é isso, é ser autêntico.

E o que há de especial?

Especial: porque deveria ser?

Ser especial é aprisionar-se as conveniências

Dilacerando o sentido da vida.

E ser livre é um estado voluntário de solidão.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Vítima de Si

A mão que busca auxílio
Deparando-se com o vazio sem eco
Contorna as sombras ajustadas a parede.
Quem esmaece aprende a zelar
Seu sossego é o nascer do líder
Com a bússola nas mãos
Guiando a própria vida.
O coração que sofre
É conhecedor dos seus por quês.
Cala-se, cega-se, protesta para ninguém na plateia,
Todos estão ocupados demais cuidando de si.
A voz do seu âmago diz: (você) sabe bem quem é você.
Sim, és vítima aqui acolá é algoz.
Incessante paradoxo humano!
A vida ou a rua não o leva a lugar algum
Se não quiseres mudar o rumo
Se não pretende ir.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Página mal escrita

Numa fase da vida carreguei muitas certezas
Até o saco explodir.
Num período do ano parei para observar pessoas
Pedras e rios.
Entediei-me.
Numa fase do dia dispensei muitas coisas para refletir
Senti cansaço.
Fixei o horizonte sem vontade, imbuída de antigos ensinamentos.
Levantei-me para prosseguir nua
Carregando as medidas sem os pesos
Interessando-me por tudo que posso
Aprendiz a contento da oportunidade
A minha cadência tornou-se leve
Quando desisti de tudo para ser feliz.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Um Mantra

Eu já esqueci você
Era o mantra matinal.
Se não fosse a boca vermelha
O perfume impregnado por onde passo.
Repito o mantra para o esquecimento,
Eu sei, minha pele é que não entende
Pede o seu toque mais uma vez.
Reafirmo o mantra do desapego,
Num diálogo com o meu coração bandido.
Seu suor o teu jeito
Lembranças pontuadas pelo instinto.
Finjo ao repetir o mantra
A memória do meu corpo te guardou.
Em vão o mantra se esvai entre lábios
Resistentes à despedida há muito dita no silêncio.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Isso ou apenas Amor

Não tenho riquezas,
Doei os presentes da vida.
Compartilhei quase com generosidade
Se é que sei o seu significado.
Bondade minha?
Não, necessidade da doçura daqueles ainda crédulos.
Da simplicidade na fala dos desmascarados.
Eu preciso disso, esse ISSO chamado AMOR.
Desconfio dessa palavra dourada, envolta de
Liberdade, amizade, doação!
Nada é suficiente se não há querer.
A atitude de ir ao encontro do inesperado é movimento
Do amor.
Ser liberto da emoção do outro é expressão do amor.
Cada olhar acolhedor acompanhado de um sorriso
É um sim para o amor.
Mas, onde será que ISSO se esconde?
Se já amei? Hum! Talvez.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Na condução

Reuniram-se para dizer o mesmo de outros encontros,
Às vezes me pergunto por que insistem.
Serve-me como companhia essa reflexão no retorno ao lar,
Na condução precária lotada de sombras,
Essas que outrora foram rostos esperançosos.
Ainda tentando responder ao que não tem resposta,
Penso que a reunião não passa de refúgio.
O noticiário diário denuncia em que se tornou
A comunidade humana.
Despeço-me dessa fria companhia desfrutando
Da minha habitual.
O sol reina com maestria e o suor percorre os corpos.
O olhar se perde entre os passageiros e as imagens
Da janela.
Viver parece algo banal, quando tudo parece simples.
Quando dizem que as escolhas já foram feitas.
Gosto dos detalhes nos encontros, mesmo nos mais inusitados.
Há algo singular em cada flor desabrochada
Cada ser é único
Uma vida pode ser um conto, uma repetição, uma inovação
Ou algo determinado antes do berço.
Mas nem por isso sem encanto.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Valsa da Vida

Gosto de ver pessoas,
Identificar semelhanças e peculiaridades.
Treino o olhar para os detalhes das imagens
Aguço os ouvidos até perfurar o silêncio
Aquieto o coração a espera de uma paixão.
Gosto das incertezas, mais ainda de suas criações.
É intrigante o penitente e a inocente lado a lado!
Gosto de ver o broto,
A força das raízes afeta a alma.
Desconfio dos descrentes, não creio nos que dizem ter fé.
Não quero a vida no laço, os nós nada segura.
Gosto de sentir o pulsar que modifica
Gosto da vida que flui.

sábado, 8 de janeiro de 2011

O caminho do Corcel

Caminhei por caminhos proibidos,
Intocáveis sob os pés da mulher de lugar algum.
Andei a esmo ousando com a presença.
Tanto quanto as sementes transportadas pelos pássaros
Como as flores que insistem em brotar fora dos jardins.
Sobre um corcel solitário perambulei.
Acumulei rostos, paisagens, histórias, saudades e infortúnios.
A secura das palavras contrasta com os gestos delicados.
Carregava nada além da certeza de permanecer.
Após alguns anos de estrada o belo corcel
Guiou-me por uma estrada conhecida.
E o que poderia esperar da repetição dos acontecimentos? Nada.
A mente sem expectativas completou o meu mapa.
E por isso pensa que sou menos pessimista que ontem?
Não, contudo amo-me mais.
O corcel tem a estrada para seguir
Eu, muitos motivos para amar.