domingo, 12 de junho de 2011

Culpa da Ausência

A inspiração não vem.

A página em branco

Clama ao tinteiro por palavras,

Palavras são milagres,

E milagres são pouco confiáveis.

Ponderar é uma velha mania,

Mera teimosia de contrariar o instinto,

Polo distinto da Razão sob o turbilhão de ideias.

À porta da emoção penso no amor,

Seu divã vazio na sala está.

Por que falar do amor, ente fugidio?

Sim, há um vazio no peito.

A saudade é companheira diária.

A canção embala os sonhos noturnos.

Mas, a quem amar?

A lágrima escrita molha a antiga página em branco

E esta triste mancha a palavra.

Somete a ausência do amor

Desconcentra a lógica e mistifica o sentimento.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Por mim!

Olho ao meu redor e penso quanto tempo mais?

Dou graças ao que tantos chamam por distintos nomes Força, Energia, Sopro, Luz, Pai, Criador, Javé, Jeová, Alah, Oxalá, Divino Feminino, mas que aqui e agora prefiro chamar de Deus. Por todo aprendizado, pela construção diária de mim, pelos dias de inverno em que o sofrimento foi o meu balizador, pelos dias primaveris em que o sorriso surgiu espontâneo.

Dou graças aos meus muitos amores.

Dou graças por ter sido criança e por hoje ser mulher.

Dou graças à solidão de ser eu.

Dou graças pela insistência contra a fadiga do físico e da alma que fraqueja, quando as forças parecem esgotadas. Bendita seja a teimosia de tentar algo mais!

Dou graças por sentir com mansidão, por celebrar com brilho nos olhos, por saber chorar e exibir a tristeza. Pois nisso não há grandeza ou humilhação. Alegria e tristeza são estados momentâneos, ocupantes do espaço que lhes permito, com o valor que eu lhes concedo em minha vida.

Dou graças por ter conhecido amorosidade nas pessoas, por não ter cedido diante da ira.

Dou graças ao rememorar as pedras, as flores principalmente as rosas, os sins e os nãos escutados.

Permito-me agraciar Narciso sem escravizar-me pelo lago. Busco a elasticidade do bambu que apenas enverga. Neste ponto da jornada onde a poeira do passado é levada pelo vento e a neblina do futuro nega a visão do que será, percebo o corte, no tão bem trabalhado véu de Maia. E o que isto significa? Não sei dizer, nem penso que devo saber, o viver pode vir em pequenas doses, não é possível determiná-lo.

A luz deste lindo dia celebra com a natureza o cumprimento de mais um ciclo, o fim e o início de uma etapa - a minha primavera. E por isso lhe sorrio parabenizando-me pelo símbolo deste número e porque só eu sei o quanto caminhei, só eu sei tudo que pude ver e sentir.

Dou graças à vida e ao indizível viver.

Rosangela Figueredo.

03 de junho de 2011.