sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Resgate




Há um resgate a ser feito da palavra domada
Pela timidez da menina entre as letras.
A mulher morena libertou a menina
Ela tenta expor seu olhar para a vida
Exibe sua paixão entranhada na sua energia de viver
Talhando seu intento.
Seria possível esquecê-lo, ou, mesmo não tê-lo?
Quem fará o resgate?
Há uma movimentação na rua
Conspirando para o projeto da vida!
Igrejas escolas vizinhanças
Árvores entre uma quadra e outra
Correria diária
O olhar que insiste em descobrir uma história
Caminhando lentamente acolhe esse projeto.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Partida

É pena você ter que ir tão cedo
Tínhamos muito por fazer
Nada foi delimitado
Por isso as portas e as janelas
Foram retiradas
As forças guias são desiguais
Tornando a partida um fato
Sei, sua trilha é longa.
Traçada com dificuldade
Para perder-se ou mesmo esquecer-se
De quem és
Se for preciso vá
Leve consigo um lamento abafado
E ao contemplar o pôr- do -sol
Reconheça nele nosso elo
E no barulho das ondas
Nossa música.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Urbano

O canto dos pássaros
Concorrem com as buzinas dos carros
As luzes ofuscam
Comprometendo as idéias
A sedução urbana
Serpenteia por toda parte
Afastando os pés descalços da terra
Do viver simples.
Andarilhos incansáveis
Cruzam seus caminhos
Apressados para chegar
Em nenhum lugar
Por que se destroem a cada dia
Tentam construir a compensação
O vazio nunca preenchido
Evidencia a impossibilidade do retorno.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Tormento

Atormenta-me o silêncio desta hora
A falta do que não conheço
O doce da experiência derretido no final,
Sorrisos frágeis de pessoas sem importância
Normas de convivência
Causa-me dor imensa
Cortando a coragem de ser diferente.
O impulso de viver é a causa do cansaço
Em prosseguir.
Sinto a loucura esgueirar
Desejosa de recolher mais um combatente para a sua senda
Sufocando há uma lágrima desconhecida
Impedida de rolar
Com palavras mudas
E esse alguém que não sabe nada mais.

Rotina

Consigo imaginar o futuro numa brincadeira infantil, e rir do passado como uma piada mal contada. Lembro e esqueço das pessoas que fizeram parte da minha vida, porque representaram algo, ou para me ocupar de alguma maneira.
Hoje estou nostálgica, ou talvez seja a vida pulsando aqui dentro e só agora me dei conta. Reencontrei uma velha amiga logo pela manhã, quando limpava minha varanda como fazem as mulheres dóceis e desprovidas dos demais desejos, talvez tenha sido esse reencontro o motivador desse pensamento.
Ela ostentava o mesmo ar vaidoso de outrora, mas o tempo imparcial deixou sua marca. Assim, a cumprimentei com alegria e segui meus afazeres refletindo como perdemos com tantos pudores, tantas regras, com a liberdade mal entendida, como deixamos de viver para fazer parte de um exército moldado à moda da época. Perpetuando costumes mesquinhos atados a falsidade latente no olhar.
Tentei recordar o exato momento em que me dei conta desse fato, mas é algo desnecessário, de que vale contar histórias antigas, quem se interessaria?

Silêncio

Numa pedra
Guardei o medo
Poli minha leveza
Reluzindo a ousadia!
Silêncio,
É o que te peço.
E quando assim me presenteias
Adentro em tuas palavras,
Tua espada e escudo
Minha rendição.
Silêncio,
É o que te nego
Dissipo a névoa.
Tua pálida presença
Vivifica os sonhos
Doutos de realidade.
Descortina o vale
De experiência inacabada
Pra que fingir?
infiéis
Lugares coisas
Presenças.

Sorriso

Inexplicável trilha traçada
No vago consolo de um sorriso.
Comedido,
Inebriado de amor,
De egoísmo, de medo,
De hipocrisia!
Espelho da alegria
Anônima do olhar.
Desta fonte jorra o mel
Degustado em cada beijo,
Acontecendo diante da presença
Do sentimento que
Vai-se contigo.

Adeus

Paciente, degustei cada contato
Para não chorar de saudade.
Tua imagem guardada na mente
Trazia a tona o prazer experimentado.
Sinto-me serena
Sem lágrimas na despedida
Tu, homem sagaz!
Refletiu minha imagem em olhos de gelo
Alimentou minha paixão
Enchendo-me de vida.
Entrego-te as flores deste sorriso
Desejando-te paz
E em breves brisas teu perfume.

Liberdade

Do castelo só encontrei as pedras
Muitas! Variadas!
Desesperando meu intento.
Lembro ter vislumbrado o castelo,
Mas... Como revê-lo?
Meus olhos reconhecem a paisagem,
Que nada mais diz.
Quando implodiram o castelo?
Desconheciam seus pertences e suas
Vidas.
Construí-lo aqui não faz sentido,
E o que faz depois dessa perda?
Continuo como antes,
Não, me libertei das amarras.

Paisagem

A paisagem do paraíso se exibe
Junto com as dúvidas,
Companheiras de várias horas.
As flores multicores afrontam
A janela urbana,
Dispersando os pensamentos hostis,
Conclamando a exaltação do viver.
Contrapondo a inércia dominante
Com o aroma de terra devastada.
A névoa vela o semblante petrificado
Representa seu desvario
E desvela o sonho.
A resposta esfumaça a visão
Levando embora a concretude.
Imersa em agonia,
Absorvo o pavor da incerteza
Desta hora,
Em que a paisagem torna-se
Delírio,
E as flores murcham
Sepultando a batalha.

Procura

Um casulo de emoções carrega o que nego,
Aguçando a imaginação diante da figura turva
Mescla do frágil e do bruto,
Quero além do que tenho
Quantos sóis para iluminar este ser?
Espero além do que penso ser capaz
Quanto tempo se faz necessário?
Procuro entre os escombros que perambulam nas ruas
Uma flor de paz,
Com todo esplendor que dizem ter.
Falta-me algo para tal
Talvez, o lodo da civilização
Ou, o excessivo contato com os restos humanos seja o empecilho.

Imaginação

Imagino coisas belas no intuito de tornar
Belas todas as coisas.
As coisas que nada significam
Insistem em me tocar.
Desfaleço nesse contato que rouba
As forças vitais.
Insisto em continuar, agora mais vacilante.
Há delicadeza desse martírio traz a tona
Algo chamado de consciência.
Lampejos do passado me rodeiam
Com voz suave dizendo:
Sempre estarei contigo!
Então, me arrasto um pouco mais.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Eu

Não há mais o que ser dito
Palavras
sentenças
De que servem?
Se nada mais sou
Que passageira desta emoção,
Guiada e seduzida por teu brilho
Calo-me, pois desde agora
Ninguém escuta.
Destruo satisfeita
Os castelos de areia
Repugno-me com o fel derramado sobre mim
Rasgo as poesias as orações os livros
Enalteço o recomeço
Desmascaro o meu querer!