sábado, 21 de junho de 2014

Ouvir é Doação

Deparei-me com um pouco de mim
Naquela outra contadora de histórias.
Ela mostrou-me cicatrizes 
Também sua casa depois da batalha
Meus olhos vidrados no seu olhar molhado
Pelo lamento do abandono, desconcertou-me
Aquela cena congelou 
Compondo parte do meu acervo pessoal de memórias ilustres
A nossa comunhão momentânea
Disse-me mais do que muitas horas de palavras amenas 
Sobre o tempo ou esmaltes da moda
Desassossego
Ouvir histórias é ser permissivo
Dar atenção ao que é dito é dar ouvidos a própria alma
As marcas permanecem 
Traz consigo sabedoria 
A contadora de histórias seguiu
Eu fiquei, mas algo em mim se foi
O que não significa perda, antes seja, mais uma transformação.

Um comentário:

Sandra Cristina de Carvalho disse...


Que lindo esse poema,pareceu-me um retrato falado. Gosto daquilo que toca a minha alma, o meu coração. E esse poema tocou-me profundamente, como se eu estivesse fazendo parte dessa cena. Belo blog!!!!