Ah! Os dias de outono chegaram.
A estação convida a sobriedade
Da fala e das cores.
O mágico momento do despertar para si,
É um retiro na caverna dos quereres.
Não, não são tristes os dias pouco ensolarados,
Recheados com gotículas de chuva,
Tampouco solitários.
São alimentados pelo olhar atento
Na fala mansa de quem aceitou fazer companhia a si
E estar bem, mesmo sozinho.
Livros vinho e a janela da alma ou da rua,
Ternura, paciência e disposição.
Acordar preguiçosamente para tantos afazeres
Escolhidos para dar sentido.
Dormir pesadamente após o longo dia
De responsabilidades.
Ser gratificado com as folhas secas varridas pelo vento,
O vento que toca também o seu corpo,
Na dança das nuvens pesadas de emoção
Banhar-se na chuva fina ou na torrente do céu
Ah! É outono outra vez.
Recordar com saudade,
Sorri para a vida com a certeza que ela te pertence.
Sim, é outono.
E daqui do meu aconchego escrevo para celebrar.