sábado, 29 de janeiro de 2011

Página mal escrita

Numa fase da vida carreguei muitas certezas
Até o saco explodir.
Num período do ano parei para observar pessoas
Pedras e rios.
Entediei-me.
Numa fase do dia dispensei muitas coisas para refletir
Senti cansaço.
Fixei o horizonte sem vontade, imbuída de antigos ensinamentos.
Levantei-me para prosseguir nua
Carregando as medidas sem os pesos
Interessando-me por tudo que posso
Aprendiz a contento da oportunidade
A minha cadência tornou-se leve
Quando desisti de tudo para ser feliz.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Um Mantra

Eu já esqueci você
Era o mantra matinal.
Se não fosse a boca vermelha
O perfume impregnado por onde passo.
Repito o mantra para o esquecimento,
Eu sei, minha pele é que não entende
Pede o seu toque mais uma vez.
Reafirmo o mantra do desapego,
Num diálogo com o meu coração bandido.
Seu suor o teu jeito
Lembranças pontuadas pelo instinto.
Finjo ao repetir o mantra
A memória do meu corpo te guardou.
Em vão o mantra se esvai entre lábios
Resistentes à despedida há muito dita no silêncio.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Isso ou apenas Amor

Não tenho riquezas,
Doei os presentes da vida.
Compartilhei quase com generosidade
Se é que sei o seu significado.
Bondade minha?
Não, necessidade da doçura daqueles ainda crédulos.
Da simplicidade na fala dos desmascarados.
Eu preciso disso, esse ISSO chamado AMOR.
Desconfio dessa palavra dourada, envolta de
Liberdade, amizade, doação!
Nada é suficiente se não há querer.
A atitude de ir ao encontro do inesperado é movimento
Do amor.
Ser liberto da emoção do outro é expressão do amor.
Cada olhar acolhedor acompanhado de um sorriso
É um sim para o amor.
Mas, onde será que ISSO se esconde?
Se já amei? Hum! Talvez.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Na condução

Reuniram-se para dizer o mesmo de outros encontros,
Às vezes me pergunto por que insistem.
Serve-me como companhia essa reflexão no retorno ao lar,
Na condução precária lotada de sombras,
Essas que outrora foram rostos esperançosos.
Ainda tentando responder ao que não tem resposta,
Penso que a reunião não passa de refúgio.
O noticiário diário denuncia em que se tornou
A comunidade humana.
Despeço-me dessa fria companhia desfrutando
Da minha habitual.
O sol reina com maestria e o suor percorre os corpos.
O olhar se perde entre os passageiros e as imagens
Da janela.
Viver parece algo banal, quando tudo parece simples.
Quando dizem que as escolhas já foram feitas.
Gosto dos detalhes nos encontros, mesmo nos mais inusitados.
Há algo singular em cada flor desabrochada
Cada ser é único
Uma vida pode ser um conto, uma repetição, uma inovação
Ou algo determinado antes do berço.
Mas nem por isso sem encanto.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Valsa da Vida

Gosto de ver pessoas,
Identificar semelhanças e peculiaridades.
Treino o olhar para os detalhes das imagens
Aguço os ouvidos até perfurar o silêncio
Aquieto o coração a espera de uma paixão.
Gosto das incertezas, mais ainda de suas criações.
É intrigante o penitente e a inocente lado a lado!
Gosto de ver o broto,
A força das raízes afeta a alma.
Desconfio dos descrentes, não creio nos que dizem ter fé.
Não quero a vida no laço, os nós nada segura.
Gosto de sentir o pulsar que modifica
Gosto da vida que flui.

sábado, 8 de janeiro de 2011

O caminho do Corcel

Caminhei por caminhos proibidos,
Intocáveis sob os pés da mulher de lugar algum.
Andei a esmo ousando com a presença.
Tanto quanto as sementes transportadas pelos pássaros
Como as flores que insistem em brotar fora dos jardins.
Sobre um corcel solitário perambulei.
Acumulei rostos, paisagens, histórias, saudades e infortúnios.
A secura das palavras contrasta com os gestos delicados.
Carregava nada além da certeza de permanecer.
Após alguns anos de estrada o belo corcel
Guiou-me por uma estrada conhecida.
E o que poderia esperar da repetição dos acontecimentos? Nada.
A mente sem expectativas completou o meu mapa.
E por isso pensa que sou menos pessimista que ontem?
Não, contudo amo-me mais.
O corcel tem a estrada para seguir
Eu, muitos motivos para amar.