sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Diário

Depois do sol

Resta um broto de esperança.

Em meio aos escombros,

Há sinais de um lento despertar.

As leituras não saciam

A comida enjoa com seu aroma peculiar

A música embala, mas cessa.

As páginas em branco do diário

Solicitam palavras soltas, e frases

Na composição dos seus adereços.

A voz inquieta questiona-se:

De que serve tatuar-se em papel?

Compartilhar esse qualquer coisa

Capaz de emudecer os dias,

A tentativa insana de traduzir a angústia,

Mostra-se no devaneio escrito.

A trégua sondada pelo não-tempo

A ponte para o estado de entrega

Na infantil brincadeira das letras

Acalenta, enquanto a escuridão noturna

Desfaz-se na luz do luar.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Águas minhas

Contemplei as águas do lindo lago
Ele me mostrou parte de mim
Confusa, tentei entender.




Foi o meu vazio
O autor da aparência que sou.
Revestido de solidão,
Transfigurado num monstro pessoal.

A moldura de outrem que habita em mim
Sob a acolhida da natureza de múltiplas formas que
Guardou algo selvagem na minh’alma.

A dúvida dói!
Assusta o tatear no obscuro,
Degrau movediço para o crescimento.
A dúvida é criativa,
Alimenta a imaginação.
O vigor de seu fruto
Fortalece a convivência.


Colho minhas emoções
Corrompo as palavras
Misturo ternura
Nos gestos rudes
Dados a essa criatura de argila
Sempre fresca.

Apenas convicta da fome de viver.



Os raios solares incidiram nas águas do lago,
E não pude ver nada mais.