sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Diário

Depois do sol

Resta um broto de esperança.

Em meio aos escombros,

Há sinais de um lento despertar.

As leituras não saciam

A comida enjoa com seu aroma peculiar

A música embala, mas cessa.

As páginas em branco do diário

Solicitam palavras soltas, e frases

Na composição dos seus adereços.

A voz inquieta questiona-se:

De que serve tatuar-se em papel?

Compartilhar esse qualquer coisa

Capaz de emudecer os dias,

A tentativa insana de traduzir a angústia,

Mostra-se no devaneio escrito.

A trégua sondada pelo não-tempo

A ponte para o estado de entrega

Na infantil brincadeira das letras

Acalenta, enquanto a escuridão noturna

Desfaz-se na luz do luar.

3 comentários:

Graça Pereira disse...

Depois do sol resta um broto de esperança....
E foi com essa esperança que começámos 2010!
Virei ler-te mais...Alma de Flor, porque eu gosto de flores. Um beijo e bom Ano!
Graça

Anônimo disse...

Essa é a realidade da vida...temos que reconstruir sempre nossos caminhos com raios de esperança

Carol Araujo disse...

Ah, Rosinha. Este me lembrou os momentos que tenho tantas coisas para fazer, mas existe uma barreira que nos atormenta o dia todo. Então passo o dia falando comigo mesma e buscando uma solução razoável para minhas inquietações.
Enxergo o diário quase como um psicanalista sem formação. Escrevemos ali o que está dentro e fora de nós, nos analisamos de variadas formas e conseqüentemente permitimos conhecer a nós mesmos.
No dia que me perguntei "De que serve tatuar-se em papel?", eu parei de escrever. kkkkkk '
Vc falou uma das coisas que mais leva a escrevê-lo: A tentativa insana de traduzir a angústia. Ainda assim, enxergo como conversar com nós mesmos, mas quando trouxer em lembrança, com certeza terá algo que passaria despercebido.
Adorei esta parte: [...] enquanto a escuridão noturna Desfaz-se na luz do luar.

Parabéns pelo dom e por fazer tão bem a quem te ler. Minhas manhãs nunca mais foram as mesmas. Meus dias tem sido mais bem humorados desde vc!
Fica na paz.